A maneira franca de Jó contar a seus amigos
que o conforto que eles ofereciam era falso e sem valor, naturalmente levou Elifaz
a começar seu terceiro discurso com uma nota ainda mais amarga. Jó certamente estava
defendendo seu próprio caráter, mas conferia isso algum proveito ou benefício ao
Todo-Poderoso pela justiça e perfeição que Jó alegava? E Deus entraria em julgamento
com Jó como se ele fosse igual a Ele? Só poderia haver uma resposta para essas perguntas,
e seria salutar que Jó percebesse qual era. Como nosso Senhor disse a Seus discípulos,
a confissão de todos nós deve ser: “Somos
servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer” (Lc 17:10).
Mas, tendo proferido essas sábias palavras,
Elifaz mergulhou em uma série de acusações contra Jó, que, à luz do testemunho que
Deus prestou a ele no início da história, devem ter sido totalmente infundadas.
Essas acusações enchem os versículos 5 a 9 e, lendo-os, podemos ver o que provocou
Jó a cantar seus próprios louvores, como ele faz em Jó 29. Elifaz não se ocupou
de vagas insinuações, mas afirmou o erro de Jó em relação aos necessitados, aos
nus, aos cansados, aos famintos, aos viúvos e órfãos. Em Jó 29, Jó refuta essas
coisas e é igualmente explícito ao declarar quão bem ele havia agido para com essas
mesmas pessoas.
No versículo 13, Elifaz supõe que o mal
tinha sido essencialmente em segredo e que Jó assumiu que Deus não conhecia sua
impiedade – outra suposição falsa. Nos versículos 15-18, temos uma referência ao
dilúvio. Jó acabara de falar de homens iníquos, que disseram a Deus: “Retira-Te de nós”, e aqui Elifaz pergunta
se ele realmente se preocupara com isso, como mostrado no mundo antediluviano. O
que os homens fizeram depois do dilúvio, quando mergulharam
na idolatria, foi exatamente o que havia sido feito antes do dilúvio.
Elifaz tem toda a razão em dizer que a raiz de toda a terrível maldade dos
homens era o afastamento de Deus e por terem excluído a Ele de sua vida e pensamentos.
Nesse ponto, podemos muito bem fazer uma
pausa e considerar nossa própria época. A afirmação de Jó no capítulo anterior era
que, como frequentemente acontecia, quando Deus permitia que homens iníquos
prosperassem, eles desejavam que Deus se afastasse deles, pois não desejavam Seus
caminhos. Agora, Elifaz afirmou que os homens maus do passado excluíram Deus de
seus pensamentos e de sua vida, e foram destruídos pelo dilúvio. O argumento de
Jó era que Deus frequentemente favorecia os ímpios e o julgamento deles só chegava
ao final, enquanto Elifaz insistia que Deus intervinha em julgamento, como o dilúvio
havia testemunhado. Parece que ambos estavam certos, e em nossos dias podemos ver
os resultados desagradáveis nos homens que excluíram Deus de seus pensamentos e
de sua vida. Se Deus é assim colocado fora, todo tipo de mal entra.
Quão verdadeira é, portanto, a exortação
de Elifaz no versículo 21. O conhecimento de Deus realmente leva à paz e ao bem
como resultado final, mas no princípio leva à profunda inquietação e problemas,
como Jó teve que enfrentar. Antes de alcançar o bem, registrado no final do livro,
ele teve que experimentar a angústia do julgamento próprio – ver Jó 40:4 e 42:6.
No entanto, por trás deste versículo e
também dos seguintes, está a antiga suposição de que Jó não conhecia a Deus, de
que estava longe d’Ele e de que precisava voltar e se afastar de sua iniquidade,
pois isso estava trazendo todo esse castigo sobre ele, e, assim, encerrou com uma
descrição brilhante de todas as vantagens que Jó teria se o fizesse. O último versículo
diz: “E livrará até ao que não é
inocente” e, em suas palavras finais, Elifaz parece afirmar que, se Jó pelo
menos tivesse mãos limpas ele livraria outras pessoas, assim como a si mesmo.
O próximo discurso de Jó ocupa os capítulos
23 e 24, e é notável por ele não fazer referência direta ao que Elifaz acabara de
expor.
Jó 23 tem a natureza de um lamento com
uma grande dose de tristeza. Aqui ele estava cheio de amargas queixas, mas sentindo
que o peso do golpe que caiu sobre ele estava além de qualquer gemido que tivesse
proferido. O golpe veio de Deus, mas ele não sabia onde Ele estava nem como poderia
encontrá-Lo. Se ele pudesse encontrá-Lo e expor sua causa diante d’Ele, ele sentiu
que o alívio viria e que seria libertado – o versículo 7 diz: “Ali o reto pleitearia com Ele, e eu me
livraria para sempre do meu Juiz”. Assim, mais uma vez, Jó assumiu sua própria
retidão, e sua queixa era que estava sendo afligido pelo Todo-Poderoso, a Quem ele
não podia alcançar e em cuja presença ele não podia entrar.
No entanto, Jó ainda tinha confiança, como
mostra o versículo 10, que Deus conhecia todo o caminho de sofrimento que ele estava
trilhando, que nisso estava sendo provado e que, como resultado, sairia como ouro
no final. Na verdade, esse foi o fim alcançado, mas, suspeitamos, não da maneira
como Jó esperava. Até o momento, cheio de confiança em sua justiça própria, ele
esperava ser aprovado por Deus. Ele saiu como ouro, mas como fruto de sua humilhação
no seu julgamento próprio diante de Deus, e então ele foi elevado e abundantemente
abençoado.
O versículo 12 é impressionante e frequentemente
citado. Mas as palavras traduzidas “o
meu alimento” são literalmente “a minha
porção” (ARF). A tradução de J. N. Darby diz: “o propósito do meu próprio coração”. Lendo assim, podemos muito bem
desafiar nosso próprio coração se estamos preparados para deixar de lado nossos
próprios propósitos pela sujeição às palavras de Deus.
O primeiro versículo de Jó 24 apresenta
uma questão, cuja força exata não é facilmente discernida. Mas parece que, no restante
do capítulo, Jó está recontando os males que enchiam a Terra em seus dias, que continuavam
sem julgamento até que o túmulo fechasse a história dos ímpios, dando sentido e
força à pergunta que ele fez. Sendo assim, a última parte do versículo 1 significaria:
“Por que os que temem a Deus não veem dias de Seus juízos caindo sobre as cabeças
dos ímpios?” Uma pergunta muito pertinente, semelhante à que foi levantada no Salmo
73. No final do capítulo, Jó, assim como o salmista, vê o julgamento finalmente
chegando sobre os ímpios. Mas, vendo que isso não acontece agora, Jó desafiou todos
os que se achegavam a refutá-lo e provar que ele era um mentiroso.
Pela terceira vez, Bildade falou, conforme
registrado em Jó 25. Tal como Elifaz, assim aconteceu como Bildade, cada discurso
era mais curto que o anterior, mostrando que seus poderes de compaixão, como também
de argumentação, estavam se esgotando. Além disso, parece haver pouca referência
às declarações de Jó no que Bildade disse. Sua descrição da grandeza e glória de
Deus é bela e quase poética, e o que ele diz sobre o pecado, a impureza e a insignificância
do homem, que é como um verme diante de seu Criador, é igualmente verdadeira. Mas
ele só pôde reiterar a pergunta que Jó fez em Jó 9, “Como seria justo o homem perante Deus”, sem fazer qualquer tentativa
de responder ou expressar o desejo de um mediador, como Jó havia desejado. Para
Bildade, esta era uma pergunta irrespondível, e talvez achasse que ela desse algum
tipo de desculpa para o pecado, com o qual ele e seus amigos tinham estado acusando
o desventurado Jó.
Isso levou Jó a abrir a boca pela nona
vez, em um discurso mais longo que todos os outros. Como seus argumentos contra sua acusação estavam falhando,
suas justificativas para sua defesa aumentaram.
As breves palavras de Bildade foram de um tipo mais brando, mas antes que Jó mostrasse
que também poderia falar em termos brilhantes da grandeza de Deus, ele se entregou
aos sarcasmos que enchem os versículos 2 e 3 de Jó 26. Para nós, parece óbvio que
os discursos dos amigos não foram úteis, nem salvadores, nem sábios, mas Jó, sendo
humano, não perdeu a oportunidade de lançar essas provocações contra eles. Outras
versões traduzem as palavras iniciais do versículo 4, “Para quem”, em vez de “Por Quem”
(JND). Isso significaria que Jó desejava que eles se lembrassem de que, embora
as palavras deles tivessem sido dirigidas a ele, eles realmente estavam falando
na presença de Deus e, além disso, falando num espírito incorreto.
A descrição de Jó quanto ao poder criador
de Deus é impressionante. O versículo 7, em particular, mostra como esses santos
do passado, vivendo no temor de Deus, até onde Ele tinha sido então revelado, tinham
um conhecimento simples e verdadeiro das coisas criadas, muito distantes das ideias
fantásticas acolhidas, mesmo pelos eruditos, quando a mente havia se obscurecido
ao se afundar na idolatria.
Ele sabia que Deus tinha operado pelo Seu
Espírito ao adornar os céus, o que os incrédulos instruídos dificilmente admitiriam
hoje; e, ao mesmo tempo, ele estava consciente de que o que se sabia em seus dias
era apenas uma parte de Seus caminhos, e seu comentário foi: “Que sussurro de uma palavra ouvimos d’Ele!”
(JND) Deixe esse comovente clamor de Jó se aprofundar em nosso coração. Ele tinha
apenas um “sussurro de uma palavra” quanto
a Deus. Israel sabia algo do “trovão de Seu
poder”, quando no Sinai, por meio de Moisés, a Lei foi dada. Temos o grande
privilégio de conhecer e desfrutar da “graça
e verdade” que veio por Jesus Cristo, e ainda mais de andar na luz “do conhecimento da glória de Deus, na face
de Jesus Cristo” (2 Co 4:6). Podemos muito bem dar graças a Deus, que nos tirou
das trevas para Sua maravilhosa luz.
Que testemunho impressionante temos neste
livro – um dos mais antigos do mundo – de fatos que se destacam claramente no Novo
Testamento. Aqui estão os santos patriarcais, vivendo apenas alguns séculos após
o dilúvio, com um conhecimento de Deus de acordo com a revelação primitiva de Si
mesmo. Os homens não evoluíram do paganismo para o conhecimento de Deus, mas o contrário.
Como Romanos 1 diz: “Porquanto, tendo
conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus” e novamente: “como eles se não importaram de ter conhecimento
de Deus, assim Deus os entregou...”.
Por mais que Jó fosse obstinado em sua justiça própria e seus amigos em seus pensamentos,
eles não excluíram Deus de seu conhecimento. Ele estava muito presente nos pensamentos
deles.
As palavras iniciais de Jó 27 indicam que
nesse momento Jó se deteve, esperando que Zofar falasse; e, aparentemente, ele se
deteve novamente no final de Jó 28. Mas nenhuma resposta foi dada. Isso não surpreendeu,
pois o homem que baseia sua posição na intuição tem uma esfera de
argumentação muito restrita. O homem que argumenta a partir de sua própria observação
pode ter um amplo campo de visão e, portanto, muito a apresentar. Assim também
é o homem que investiga a história passada e argumenta com base na tradição. Mas o homem que argumenta apenas sobre
o que pensa, com as ideias que ele intuitivamente formou, poderá argumentar com
grande força em sua presunção própria; mas se seus pensamentos forem refutados,
não há muito mais que ele possa dizer.
Assim Jó retomou seu discurso, tocando
num assunto muito solene, como fazendo um juramento diante de Deus. Ao afirmar sua
própria integridade e verdade, ele acusou seus amigos de serem os que falavam falsidade
e engano, enquanto ele mantinha firme sua justiça com a máxima determinação. Essa
“justiça”, como Jó 29 nos mostrará, estava
relacionada com sua conduta exterior, pois a luz perscrutadora de Deus ainda não
havia penetrado na alma de Jó. Ele havia sido acusado de ser um enganador e um hipócrita.
Ele sabia que não era isso e não se declararia culpado nem por um momento. Também
sabemos que ele não era culpado, mas a retidão exterior por si só não serve
como justiça na presença de Deus. As próprias palavras de Jó aqui provam isso, pois
o modo como ele reclama de Deus no versículo 2 mostra que seu coração não era
correto diante de Seus olhos.
No restante do capítulo, encontramos Jó
aprofundando sobre a maneira como Deus trata com o hipócrita. Ele estava praticamente
acusando seus amigos de serem hipócritas em suas acusações contra ele, então parece
que suas palavras eram um aviso para eles de que esse poderia ser o destino deles,
algo semelhante ao que havia acontecido com ele.
Ele prossegue nisso – Jó 28 – com as notáveis
palavras sobre a busca do homem por sabedoria. Nos seus dias, a mineração era praticada:
poderia ter sido uma nova busca, seja por ferro ou cobre, ouro, prata ou pedras
preciosas. Eles cavavam, desviavam o córrego subterrâneo, eles faziam caminhos inexplorados
pelo mais forte dos animais ou o pássaro de visão mais aguçada. Mas em toda essa
busca eles nunca encontraram sabedoria. Essa é a questão que ele levantou no versículo
12 e afirmou com muita razão que não poderia ser encontrada nessas atividades humanas.
Os homens podem descobrir muito e, desde os dias
de Jó, descobriram muito mais, mas a sabedoria lhes escapa. Se Jó pudesse ter tido um vislumbre
das atividades e descobertas do homem em nossa era atômica, ele diria o mesmo, apenas
com ênfase cem vezes maior.
Então, “Onde se achará a sabedoria?” (v. 12). Jó começa a responder a isso
no versículo 23. Deus, que a entende, conhece seu caminho e a declarou ao homem,
como diz o versículo 28. “O temor
do Senhor é a sabedoria; e
apartar-se do mal é a inteligência”. Em todas as declarações feitas durante
essa prolongada discussão, nenhuma coisa mais verdadeira e sábia foi dita. Em Provérbios
9:10, encontramos Salomão fazendo uma declaração semelhante, e isso é comprovado
na história da Igreja primitiva, como vemos em Atos 9:31.
À medida que o temor de Deus se afasta
do coração do homem, também aumenta sua vontade própria, que produz insensatez sem
fim. Na era atual, o conhecimento e a inteligência do homem subiram
a níveis nunca sonhados há um século, e sua loucura destrutiva ameaça descer
a profundidades nunca sonhadas. O Salmo 36:1, citado em Romanos 3:18, expõe
a raiz disso tudo.
Conforme Jó continuou sua parábola no
capítulo 29, ele suspirou por um retorno aos dias de sua prosperidade e, lembrando-se
das acusações de Elifaz, que vimos no capítulo 22, Jó começou a proferir elogios
à sua própria pessoa. Que luz e magnificência lhe pertenciam! Que respeito e até
reverência prestou a si mesmo! E então ele declarou seus atos de benevolência, retidão
e justiça, pelos quais julgava ter direito a um tratamento muito preferencial em
bênçãos vindas da mão de Deus.
Jó 29 tornou-se assim um dos grandes capítulos
do “eu” da Bíblia. Eclesiastes 2 é o capítulo do “eu” de Salomão onde esse pronome
pessoal ocorre 16 vezes nos primeiros 9 versículos: o verdadeiro capítulo do “eu” auto
gratificado. Jó 29 é o capítulo do “eu” auto satisfeito. Romanos 7 é, naturalmente, o capítulo
do “eu” auto condenado.
E ser auto condenado é muito melhor do que ser auto gratificado ou auto satisfeito.
O melhor de tudo é ser auto eclipsado, como encontramos Paulo em Filipenses
3, onde ele menciona “eu” muitas vezes.
Mas nosso capítulo registra como Jó teve
permissão de se deixar levar e entoar seus próprios louvores, e assim nos revelar
a justiça própria e a presunção que se encontravam no fundo do seu coração, escondidas
de todos os olhos, exceto dos de Deus. Trazer isso à tona e levar Jó a julgá-las
e a julgar a si mesmo na presença de Deus, era o objetivo que Deus tinha ao permitir
que Satanás trouxesse essas provações extremas sobre ele.
No momento, porém, Jó estava cheio das
grandes e excelentes coisas que ele havia feito e da posição de liderança entre
seus companheiros que havia sido sua como resultado. Isso apenas tornou mais vívido
o contraste de sua condição atual, e a isso ele se voltou no lamento triste registrado
em Jó 30. Ele agora se tornara o escárnio do mais baixo dos homens, e até do mais
jovem dentre eles. Eles poderiam compor canções sobre sua miséria e até cuspir no
seu rosto – um insulto verdadeiramente cruel. No versículo 20, porém, Jó se voltou
para Deus e fez uma queixa amarga a Ele, e até contra Ele. Jó sentiu que Deus havia
Se oposto a ele, rejeitando-o e desconsiderando suas orações e pedidos, e assim
teria Se “tornado cruel” contra ele.
Pobre Jó! Sem dúvida, homens haviam se tornado cruéis contra ele, e agora Jó achava
que Deus também Se tornara cruel contra ele. Nos versículos finais deste capítulo,
ele descreveu o estado extremo de fraqueza corporal, miséria e corrupção para o
qual foi levado. Deus havia dado a Satanás permissão para fazer o pior que
quisesse, sem tirar-lhe a vida. Com habilidade maligna, Satanás reduziu seu corpo
a um estado de doença repugnante que, supomos, nenhum homem sofreu antes ou depois;
pois em todos os outros casos a vítima teria morrido antes que uma quantidade tão
grande de problemas corporais pudesse se desenvolver. Não julguemos Jó severamente.
Em uma situação tão assustadora como a dele, provavelmente deveríamos ter dito coisas
muito piores do que ele.
Tendo proferido essas tristes queixas,
Jó encerrou seu longo discurso, como vemos em Jó 31, com uma série de afirmações
quase que equivalendo a juramentos. Seus amigos o acusaram de pecados específicos
e de mal proceder. Quanto a essas coisas, sua consciência estava limpa, porém, como
vimos, ele admitiu que não era puro aos olhos de Deus. Assim, ele afirmou veementemente
que não havia cometido os tipos de mal que foram alegados ou insinuados.
O capítulo 31 dá testemunho do fato de
que, antes de a lei ser dada, um alto padrão de moralidade ainda era encontrado
entre os homens tementes a Deus; um padrão que dizia respeito não apenas ao ato
exterior, mas também ao motivo interior que dirigia o ato: veja, como exemplos disso,
ele falou do que pensava, ou
não
pensava, no versículo
1; de seu coração caminhando após seus olhos, no versículo 7; e, novamente,
seu coração sendo secretamente seduzido, no versículo 27; e
de esconder sua iniquidade e cobrir seus pecados,
como fez Adão, no versículo 33. Isso pode nos lembrar do Sermão da Montanha; particularmente
se compararmos suas palavras no versículo 30 com as palavras de nosso Senhor em
Mateus 5:24, uma vez que apenas desejar uma maldição ao seu inimigo seria um pecado.
Mais uma vez, ele sabia que o engano e
a falsa testemunha eram coisas erradas (v. 5); que o adultério (v. 9) e a idolatria
eram coisas erradas (vs. 26-28), já que o culto ao Sol e à Lua era a forma mais
primitiva que a idolatria assumia. Assim também sabia que ele não deveria cobiçar
o que seu vizinho possuía, mas, em contraste, ele deveria ser um doador para as
necessidades dele, como vemos nos versículos 13-22.
Portanto, é evidente que o padrão de conduta
que Jó tinha diante de si era muito alto, e imaginou que o havia observado rigidamente.
Ele sabia também que haveria um dia em que Deus Se levantaria e o visitaria e ele
perguntou: “que Lhe responderei?” (v.
14 – TB) Revendo todas essas coisas, Jó sentiu que poderia invocar uma maldição
sobre si mesmo, se não o tivesse observado: que em sua terra poderiam crescer “espinhos em lugar do trigo, e plantas
daninhas em lugar de cevada” (cap. 31:40 – TB). Com isso, Jó também
caiu em silêncio.
O fim que o Senhor alcançou com Jó é ainda
mais impressionante pelo fato de que, em minha opinião, essas afirmações de si
mesmo estavam corretas. No início, Jeová testemunhou que Jó era perfeito (JND) e
reto, e quando finalmente interveio, Ele não pronunciou palavras de contradição.
É justamente isso que transmite uma força tremenda ao absoluto aborrecimento e julgamento
próprio que brotou dos lábios de Jó, antes que ele fosse abençoado no final da história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário